Macau Sã Assi — Boletim Julho 2024

Caro leitor, a Casa de Macau de Portugal vem por esta via apostar na ampliação da sua divulgação e tentar chegar a uma população mais abrangente com notícias e rubricas que nos vão aproximando enquanto comunidade.

A escolha do nome do nosso novo Boletim é por si só bem elucidativa, recuperamos uma conhecida frase no nosso patuá, “Macau Sã Assi” (esta é a nossa Macau), como lema da nossa comunicação, relembrando os nossos traços identitários que nos unem, sem esquecer a necessidade de continuar a colocar Macau no nosso quotidiano.

Sendo este o nosso primeiro editorial, não nos iremos alongar: vamos deixar os sócios escrutinarem as nossas rubricas e, se o entenderem, poderão enviar as suas sugestões e críticas directamente para o e-mail da Casa de Macau. Nós agradecemos.

Boas leituras! Vamos contando com a vossa colaboração e participação neste projecto colectivo que é de todos Nós.

Carlos Piteira Presidente da Casa de Macau

Há Minchi! Almoços Bimensais

No próximo dia 28 de Julho haverá novo convívio dedicado ao minchi, depois do nosso primeiro e bem sucedido encontro, a 25 de Maio.

Convidamos todos a inscreverem-se e a aparecer.

Na primeira destas iniciativas estiveram presentes cerca de 100 pessoas, o que tornou esta reunião num momento de celebração de Macau e das suas gentes, partilhando memórias e saudades. O Minchi foi e é um referencial simbólico (principalmente entre os jovens) que se vai perpetuando no tempo como elemento que nos integra na comunidade e nos permite referenciá-lo como sendo nosso para aqueles que são de Macau.

Foi muito agradável e bonito ver o convívio inter geracional nesta iniciativa, unindo os nossos sócios habituais a uma camada mais jovem que apareceu e se misturou numa bela tarde de convívio. Uma parte do sucesso do evento deveu-se a esses, que tiveram a iniciativa de divulgá-lo nos seus contactos e redes, permitindo chegar a pessoas que não conheciam a nossa Casa, e juntando-se à presença sempre assídua dos sócios que sempre nos acarinharam.

Não queremos deixar de referenciar dois elementos que tiveram um contributo determinante nesta iniciativa: o sócio Miguel Khan, em todo a concepção, enquadramento e organização, e Beto Ritchie, que nos proporcionou uma agradável tarde musical, para além de ser um elemento aglutinador e de referência desta geração mais recente.

Ficou, por fim, o desejo de continuarmos a celebrar Macau sempre com um Minchi a acompanhar. Por parte da Casa de Macau, prometemos estar presentes e deste já repetimos o chamamento para o próximo dia 28 de Julho

Clicando na imagem acima poderão assistir ao convívio registado em vídeo, do qual destacamos a música do nosso amigo Beto Ritchie.

“A Vencedora” fecha… e reabre!

Se foi com grande tristeza que muitos de nós receberam a notícia, há alguns meses, do fecho supostamente definitivo do lendário estabelecimento centenário de comida portuguesa e macaense A Vencedora, foi com enorme surpresa que nos chegou a novidade, este mês, da sua reabertura. Já se encontra em pleno funcionamento, tendo a operação do negócio sido transmitida para um amigo dos velhos manos, e mantendo a casa toda a sua actividade, com os mesmos empregados e cozinheiros. Dizem-nos as vozes de Macau que está tudo na mesma, felizmente. Passem por lá tão cedo quanto puderem: o mais tardar, no Encontro das Comunidades Macaenses, em Novembro!

Tardes de Chá com Conversas e Livros

Inaugurámos também uma nova iniciativa regular, Tardes de Chá com Conversas e Livros, ao fim do dia, para reabrir e reanimar o nosso espaço no 1º andar, transformando-o no nosso salão de chá.

No dia 4 de Junho, pelas 16h30, recebemos os vinte sócios que responderam ao apelo de partilhar um fim de tarde, na boa tradição de apreciar um chá reconfortante, num espaço aprazível e descontraído, onde se murmuraram pequenas conversas cruzadas em torno das mesas colocadas na sala. Não faltaram doçarias que, em boa hora, foram oferecidas pelos nossos sócios e partilhadas ao longo da tarde.

Iniciámos o convívio com o elogio a um livro, neste caso da autoria da conhecida Maria João dos Santos Ferreira (a nossa Majão), «Tánto ancuza dóci!!», que nos falou um pouco sobre a obra e as referências ao seu tio Adé. Estava lançado o mote para iniciarmos o nosso apelo solidário e leiloarmos o livro como contributo para a Casa de Macau. Após uma divertidasucessão de licitações, acabou por ser adquirido pela nossa conterrânea Maria Gabriela dos Santos (Gaby) pela generosa quantia de 50€, a qual a Casa de Macau muito agradece.

E tarde fora desenvolvemos a nossa conversa, em tom informal, com o conhecido Vítor Serra de Almeida, que nos trouxe as memórias evivências da Macau da década de 50, alternando relatos de um tom mais sério com outros momentos de graça, ironia e sagacidade.

Ficou registada em áudio e vídeo e podem encontrá-la nos nossos recém inaugurados podcasts, disponíveis em Spotify e Apple, assim como no nosso canal de YouTube. Em breve teremos mais um livro e mais um convidado.

Sessão de Tardes de Chá com Conversas e Livros, registada em vídeo, com Vítor Serra de Almeida. Cliquem na imagem acima para assistir.

Tardes de Mahjong

No dia 1 Julho, pelas 17h, cerca de quinze interessados reuniram-se na nossa “sala de jogos” para uma tarde de convívio com o tema do Mahjong como atração principal.

A sessão pautou-se por uma introdução às regras do jogo para principiantes, apesar de alguns convivas já dominarem o modo de jogar, situação essa coordenada de forma exímia pelo nosso associado Miguel Silva, que teve a amabilidade de nos dispensar o seu tempo, o seu saber e a sua forma de comunicar sem complicar.

E, a pouco e pouco, lá fomos identificando os “naipes” os “ventos” as sequências, os trios, o “pong” e o demais vocabulário necessário para enquadrar o jogo. Por fim “acordámos” as pedras com aquele bater singular que nos é tão reconhecível nas nossas memórias e demos início a um jogo simulado, onde, entre perguntas e explicações, fomos dando sentido ao “prazer” que se esconde em cada jogada.

A experiência é para continuar: outras sessões irão ser divulgadas, quer para principiantes, quer para “quartetos” de mesa em jogo fluído. Tudo aponta para que em Outubro tenhamos nova sessão. Em breve daremos nota.

40 Anos da Teledifusão de Macau

Nos quarenta anos da TDM, escreve-nos sobre a história de uma estação a jornalista Andreia Sofia Silva.

Cheguei a Macau numa tarde que depressa se transformou em noite, a 1 de Agosto de 2011. Tentando ainda habituar-me ao novo espaço onde ia habitar nos próximos meses, durante o período de estágio curricular num jornal diário local, liguei a televisão, apanhando o genérico de encerramento do telejornal da TDM – Teledifusão de Macau, das 20h.

Aquele globo a rodar com uma música que me pareceu fora do comum, num grafismo que fazia lembrar os anos 80, deram-me a perceção de que estava mesmo num mundo novo. Não mais esqueci esse momento. 

Em Macau sempre trabalhei em jornais e a televisão e a rádio nunca me atraíram para trabalhar, tendo sido mera telespectadora ou ouvinte. Fizeram-se, nos anos em que vivi no território, bons programas e reportagens premiadas.

A TDM soube passar gradualmente das velhinhas cassetes VHS para uma digitalização na forma de dar notícias, e muito mais há a fazer. Haja meios, investimento e vontade.

Há dias a TDM fez 40 anos e não posso deixar de destacar o trabalho feito por todos os que, diariamente, mantém a estação de pé, tentando fazer o melhor que podem, muitas vezes com parcas condições de recursos humanos e de estruturas.

Criar a TDM, tanto o canal chinês e português, no período da Administração portuguesa, imprimiu uma visão estratégica de futuro que acabaria por pautar a passagem dos portugueses pelo território para sempre. Se, quando foi criada, a TDM era importante para transmitir em português e cantonês, preservando os idiomas e respetivas culturas, essa importância não diminuiu. Bem pelo contrário.

Todos sabemos do caminho que espera à RAEM com a integração regional, e aqui refiro-me, apenas, à questão linguística. Pelo menos até 2049 a TDM tem o papel de preservar a língua portuguesa e até o dialecto chinês local. Depois, logo se verá. O canal inglês poderá ter maior relevância e conteúdos numa RAEM de portas mais abertas a nível regional e até internacional.

Dado o meu gosto pessoal pela História, em particular a história de Macau, não posso de deixar de referir a importância de, neste futuro, ter de caber a preservação do arquivo audiovisual da TDM, em português e chinês, por nele caber todas as estórias feitas por nós, ou que acabaram por fazer parte da nossa vida, da Macau antiga e da RAEM do futuro. O Governo da RAEM, em colaboração com historiadores e técnicos, tem aqui um papel fundamental.

Porque não criar uma plataforma semelhante à que tem hoje a RTP, com a RTP Arquivos?

Recordando

Retomamos uma rubrica que tínhamos inaugurado há uns anos, onde pedimos a macaenses ou amantes de Macau que nos recordem um sítio notável.

Escolhemos para esta primeira re-edição a lendária gelataria Lai Kei, pela memória do nosso amigo Rui (Ruka) Borges.

Hoje a gelataria Lai Kei é um marco de Macau que vai assistindo impávida e serena à metamorfose constante de Macau. Os anos passam e este pequeno estabelecimento na Rua do Campo continua com uma nostalgia dos anos 60/70s. Cheguei a Macau em 1986 e não me lembro precisamente da primeira vez que lá fui, lembro-me dos bancos de madeira e da entrada cor-de-rosa com tons de amarelo e das das sanduíches de gelado lá vendidas.

O que mais associo com o Lai Kei era a paragem obrigatória que fazia depois de um dia de compras de roupa nova com os meus pais antes de umas férias grandes a Portugal, ou depois de comprar material escolar na Athens. Depois de um dia enfadonho de veste e despe roupa (nunca fui fã de roupa nova) a obrigatória paragem para terminar o dia em glória com um miminho doce por ter aguentado e prevalecido a mais um duro dia (como a vida muda).

Continuo a viver em Macau, passo pela loja quase diariamente. Apesar de já não a frequentar, vou olhando e assistindo a como ela própria assiste às nossas vidas e ao passar dos anos.

Ser Sócio da Casa de Macau

Se ainda não é sócio da Casa de Macau, considerem a possibilidade de o ser.

A quotização é apenas de €6 por mês caso optem pelo plano anual, tendo ainda desconto para +65 e estudantes. Podem encontrar toda a informação aqui, assim como o formulário necessário ao pedido. Mais informações através do nosso mail e do telefone 218 495 342. Todos são bem-vindos à Casa de Macau!

Galeria da Casa de Macau

Daremos doravante destaque a várias personalidades notáveis que tiveram papel relevante na história da Casa de Macau. Começamos com um dos seus fundadores, um sócio benemérito e um sócio honorário: no caso, o Dr. Armando Florêncio de Oliveira Hagatong, o Sr. Chui Tak Kei e o Sr. General Vasco Joaquim Rocha Vieira. Iremos também dar destaque a peças notáveis que encontramos no espólio da nossa Casa, e começamos, para terminar este nosso boletim, com uma belíssima cartografia do território e área envolvente, com legenda em inglês.

Dr. Armando Florêncio de Oliveira Hagatong, Sócio Fundador

“Velha aspiração de várias gerações de macaenses e amigos de Macau tiveram início na década de 1960, para a qual seriam dados passos decisivos para o nascimento da Casa de Macau em Portugal. De acordo com Armando Hagatong, foi ele que, juntamente com o seu primo Geraldo Rangel de Almeida, Alberto Maria Alemão e Carlos Laborde Basto, puseram mãos à obra em Setembro de 1973.”

(In 50 Anos de Casa de Macau, 2016)

Sr. Chui Tak Kei, Sócio Benemérito

“O que o Chui Tak Kei mais prezava era o trabalho de caridade que fazia, porque amava muito as pessoas de Macau e sempre dedicava o seu tempo à Associação de Beneficência Tong Sin Tong.”

(Chui Sai Peng, filho do sócio)

Sr. General Vasco Joaquim Rocha Vieira, Sócio Honorário

“A memória colectiva guarda a imagem de Vasco Rocha Vieira com a bandeira nacional colada ao peito, em 19 de Dezembro de 1999, a poucas horas do retorno de Macau à soberania da República Popular da China, expressão de um processo de transição bem sucedido e último acto de uma governação que constitui um ponto alto da história de Portugal e motivo de orgulho para os Portugueses”.

(In Vasco Rocha Vieira – Todos os Portos a Que Cheguei, Pedro Vieira)

Cartografia do Séc XVIII — Macau, Baía da Praia Grande

O (Re)canto da Poesia (Elogio aos Poetas de Macau)

Mahjong

Letra: Maria Rosário Almeida – Música: João Azeredo Versão cantada por A Outra Banda: podem ouvir aqui.

Vento leste domina acordam-se os dados
136 Pedras e mais 8 flores
Saltitam os naipes pássaros nos bambus
Caracteres chineses e ventos do sul


Mahjong velho mandarim da dinastia Yuen
Seiva que gira aquece e trepida
Mahjong velho mandarim da dinastia Yuen
Seiva que gira ao ritmo da esperança


Venham dragões aticem-se os ventos
Venham dragões nas quatro estações
Treze dá sorte mãos hábeis palpitam
Treze dá sorte Mum Wu escalda

Mahjong velho mandarim da dinastia Yuen
Seiva que gira aquece e trepida
Mahjong velho mandarim da dinastia Yuen
Seiva que gira ao ritmo da esperança


Filas de pedra vozear animado
Horas sem fim sequências e trios
Rodopio prossegue algazarra nocturna
Pedras batidas pelo vento norte

Renovação da imagem da Casa de Macau

A recomposição gráfica introduzida na nova imagem da Casa de Macau não altera nem exclui os elementos substantivos do nosso logotipo, apenas realça de forma mais notória o nome Casa de Macau como elemento principal de leitura para o exterior.

A hipótese das quatro imagens permitem também a sua colação diversificada em função do fundo a utilizar, mantendo a sua leitura visível. Por outro lado, esta reconfiguração introduz também a nossa vontade em preservar o passado sem esquecer a inovação no presente.

Terminamos assim a primeira edição do nosso boletim com saudações macaenses para todos, e desejos de que continuem a acompanhar-nos através deste e de outros meios de comunicação, convidando-vos também a reencaminharem este e-mail para os vossos amigos e conhecidos. Espreitem e sigam as nossas páginas de Facebook, Instagram, YouTube, e o nosso website, que será em breve renovado e actualizado.

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